Esta obra aborda um dos grandes problemas da educação matemática: a aprendizagem da proporcionalidade e da sua utilização. Existem, bem entendido, muitos trabalhos sobre este tema. Para além dos trabalhos de Inhelder e de Jean Piaget é difícil não citar as contribuições de Karplus, Noelting e Vergnaud ou ainda Brousseau e Julo que trataram dos aspectos psicológicos ou didácticos do domínio, e surgem como incontornáveis. A originalidade deste trabalho resulta principalmente de um encontro da psicologia com a didáctica, por forma a trazer novos conhecimentos sobre o comportamento dos alunos que desenvolvem a sua aprendizagem da proporcionalidade. Neste sentido insiste-se, particularmente, sobre a análise da complexidade dos problemas que determinam, em larga medida, o comportamento das crianças. Os alunos devem, com efeito, mobilizar todo um conjunto, mais ou menos adaptado, de esquemas de pensamento e de acção para poderem compreender e resolver as tarefas que lhes são propostas. A riqueza e a variedade das situações de proporcionalidade, a utilização de diferentes formas de representação, o ajustamento das principais invariantes em jogo podem ajudar o aluno a desenvolver este processo, sempre muito pessoal, de construção do sentido. Assim, este livro não apresenta soluções imediatamente prontas para uso, convida, antes, a reflectir sobre a forma como se constroem a longo prazo os conhecimentos do sujeito, como progressivamente podem estruturar-se certas desigualdades cognitivas entre bons e menos bons alunos.JEAN-PIERRE LEVAIN é doutorado em Psicologia. É responsável de curso na Faculdade de Psicologia e investigador no Instituto de Investigação sobre o Ensino das Matemáticas na Universidade de Franche-Comté.