Na segunda metade do século XX parece haver uma preocupação generalizada com a "natureza". Em todo o mundo industrializado, criam-se associações de preservação da natureza, multiplicam-se os restaurantes vegetarianos e naturalistas, incluem-se disciplinas de "ciências do ambiente" nas escolas, do primeiro grau à pós-graduação, e também escreve-se muito sobre o assunto. Este livro tem início com um breve histórico da idéia de natureza na cultura ocidental. Em seguida dedica-se um capítulo ao histórico do conceito de natureza na própria obra de Marx, no qual se inclui uma sucinta exposição dos pressupostos fundamentais da filosofia de Ludwig Feuerbach, sobretudo aqueles que mais influenciaram nosso autor na sua obra de juventude. É objetivo desse capítulo mostrar também em que medida Marx se afasta desses pressupostos, em direção à formulação de seu pensamento definitivo. Os dois capítulos seguintes são dedicados ao conceito de natureza em O capital propriamente dito, sendo que o terceiro tem como núcleo o estudo do processo de trabalho abstraído das determinações históricas particulares, no qual a natureza figura como fonte de meios e objetos de trabalho e como parte da própria atividade do trabalhador. O quarto capítulo diz respeito à produção no sistema capitalista, que se caracteriza pela mediação da tecnologia, para a qual a natureza contribui com as suas forças. No quinto e último capítulo, procuramos investigar em que medida o conceito marxiano de natureza pode ser útil à compreensão da problemática contemporânea sobre o ambiente e das suas conseqüências superestruturais.