Como bom país periférico, o Brasil contentou-se em geral com o papel de mero receptor sobre autores estrangeiros sobre Teoria Social, em obras originais ou comentários sobre os grandes pensadores ocidentais. Pouco a pouco isto vem se modificando. Uma produção autóctone na área se firma e comentários e introduções às correntes mais significativas da Teoria Social dos séculos XIX e XX, em particular, se avolumam, somando-se às importantes exceções de algumas décadas atrás. Embora não se possa ainda em falar na maturidade nesta área de labor intelectual, avançamos agora em uma direção mais auspiciosa. Este trabalho de Thamy Pogrebinschi sobre o pragmatismo se destaca exatamente nestas coordenadas. Ainda pouco conhecido entre nós e nunca discutido sistematicamente por um autor brasileiro, o pragmatismo foi uma das principais correntes a oferecer-se como alternativa à crise da metafísica que desde o século XIX assolou a filosofia ocidental. Além disso, associou-se estreitamente a uma vaga democrática e reformista na sociedade norte-americana somente comparável aos movimentos sociais e cívicos dos anos 1960-70 naquela país, em oposição ao liberalismo ortodoxo e conservador que ontem, como hoje, era então hegemônico. Abordando cada um dos temas básicos do pragmatismo clássico, de Peirce, James, Dewey e Mead, a autora nos disponibiliza um painel abrangente da principal corrente intelectual autóctone dos Estados Unidos. Trata-se de mais uma bela contribuição intelectual de um dos talentos mais promissores da nova geração de Ciências Sociais no Brasil. Uma contribuição que introduz o leitor aos principais conceitos filosóficos, sociais e políticos do pragmatismo, apresentando de maneira lúcida como estes conceitos são centrais à reflexão teórica contemporânea das Ciências Sociais.