A proposta da existência de uma esfera imaginária própria dos meios de comunicação a Mediosfera surgiu da reflexão sobre os desdobramentos da Noosfera na sociedade mediática, sociedade esta gerada por mais de um século de eletrificação do mundo, de industrialização e de capitalismo, bem como pela centralidade que esse contexto atribuiu às tecnologias eletrônicas. A visibilidade e a questão da imagem (como forma contemporânea residual da aparição hierofânica), a eletricidade, o culto à tecnologia e a hipertrofia do valor monetário são, no sentido que Edgar Morin conferiu à palavra, demônios que habitam a Mediosfera, nossa única comum e inequívoca forma de religiosidade contemporânea. A Mediosfera é o ambiente imaginário de um mundo desencantado que, no jorro ininterrupto das emissões e no fascínio das visibilidades mediáticas, tenta compensar o vazio do sentido resultante da erosão das relações interpessoais e das vivências corporais concretas. Esta reflexão aponta para o auto-engano de se ver no presente momento um reencantamento do mundo. Somos levados a pensar que, talvez, o presente momento esteja sinalizando para uma desconcertante tentativa de encantamento sem mundo.