Notícias do tempo presente abre com o poema Angelus Novus. A referência no título à gravura de Klee, imagem usada por Walter Benjamin nas suas Teses sobre a História para criticar o progresso, dá o tom do livro. O anjo de Klee é impelido para frente por uma tempestade chamada progresso e, ao olhar para trás, o que vê é um monte de ruínas. É dessas ruínas que Rogerio Luz fala no poema, que atualiza também a terra devastada de Eliot. Fala-se com um tu, como num diálogo que quer ainda se tornar possível, mas com quem? Poesia como canto fúnebre, as referências aos conflitos contemporâneos que parecem sem solução palestinos e judeus, negros e chicanos, no entanto, não abolem o sonho. Num tempo sem memória, urge, no entanto, não esquecer. A beleza agora se faz dessa representação dilacerada, agônica: Beleza e despedaçamento tornaram-se um. [...]