Olhar de Cão foi me conquistando aos poucos, o que não poderia ser diferente já que ele foi se dando à leitura em seu próprio e imprevisível tempo, nas postagens de seu dono, ou melhor, autor, em erráticas postagens no Facebook. Aos poucos; fui me afeiçoando a este olhar rosnado, a esta voz canina que focinhava odores de uma vida dificilmente narrável por nossos limitados grunhidos humanos. Porque, sim, sabemo-nos tão sábios de nossas dores, nossas dúvidas, nossas tão complexas necessidades e querências, mas, o que fazer delas senão seguir eretos, sobre duas mal equilibradas patas, fingidos de donos de tudo e de todas as situações? Pois foi assim que Floco ganhou voz diante de mim e foi me revelando um universo poético, cômico, drama-ticamente humano, que somente um cão seria sábio e fluente o suficiente para compartilhar. Porque dar à vista a vida, em todas as suas faces e rugas e pulgas e biscoitos... dividir sem reservas... isso só um cão é capaz de fazer.