O SÉCULO 21 enterrou a ideia de uma realidade única e compartilhada. O que haveria de universal quando uns falam por outros, oferecendo pontos de vista como corolário de seus privilégios? No campo da arte, a fragmentação invadiu o quadro, ajudando-nos a inverter a perspectiva. Artistas originais investem em colagens e reorganizam arquivos para suturar lacunas e compor novas realidades. Capa e abertura da edição, Val Souza revigora o feminismo ao nutri-lo com imagens de mulheres negras. Em seus autorretratos, Souza enfrenta o olhar que objetifica, assim como desafia os padrões estreitos de beleza. Sua busca por uma redefinição de Vênus deu origem a um painel trans-histórico, que celebra a divindade de mulheres independentes e resilientes. Nos anos 1970, Gretta Sarfaty também rompeu padrões ao ironizar sua própria imagem. Iconoclasta, Justine Kurland retalhou o cânone fotográfico para protestar contra o patriarcado reinante.