Das alternativas inter ou transescolares, as que mais nos interessam são as que propõem e praticam o atravessamento dos paradigmas, o que ocorre junto ao que se poderia chamar de reabilitação dos "analistas marginais". Estamos assinalando que algumas velhas separações e oposições são vigorosamente desfeitas e transpostas nas novas perspectivas. Por exemplo, criam-se pensamentos e estilos clínicos que fazem justiça a pulsão, e as relações de objeto; que levam em conta, de um lado, desamparo e dependência original, e, de outro, desejo; que pensam em termos de conflito, e de déficit, que investigam as dimensões da fantasia, e do trauma, vale dizer, dão atenção ao intrapsíquico, e ao intersubjetivo. A partícula e no lugar do ou aponta para o caráter complexo e paradoxal assumido pelas teorizações e estilos que então se forjam, desconstruindo as velhas oposições paradigmáticas. Desde então, cultivar o psicanalítico não se confunde com a prática de uma linguagem, de um dialeto, menos ainda com a adesão a um sistema doutrinário. Trata-se de acolher o desproporcional, o atemporal, o irredutível, o trágico e o paradoxal como aspectos decisivos dos nossos "objetos", para assim pensá-los e elaborá-los.