Michael Burawoy notabilizou-se por sua interpretação do fordismo nos Estados Unidos empreendida a partir de sua experiência como operário semiqualificado de uma fábrica em Chicago. Principal referência do debate sobre o processo de trabalho, Burawoy reconciliou a teoria marxista com os estudos etnográficos, superando as interpretações reducionistas da classe operária que não apreendiam o papel da consciência de classe no processo de produção da disciplina fabril.Apesar do amplo reconhecimento de sua obra dedicada aos operários do sul de Chicago, Burawoy não se deixou acomodar às rotinas acadêmicas. A fim de compreender a reprodução da classe trabalhadora no socialismo burocrático de Estado, lançou-se ao trabalho de campo na Hungria socialista e, posteriormente, na Rússia do período da restauração capitalista. As etnografias do trabalho operário produzidas pelo sociólogo britânico não apenas captaram intimamente o funcionamento do despotismo burocrático como igualmente iluminaram o modo de vida da classe operária soviética no momento de seu ocaso.Ao longo de sua trajetória como etnógrafo do trabalho, Burawoy passou muito tempo ao lado dos operários em locais tão distantes como, por exemplo, uma mina de cobre em Zâmbia, uma oficina nos Estados Unidos, uma indústria metalúrgica na Hungria e uma fábrica de móveis na Rússia.