Na terceira e última parte que constitui o livro de Maria Clara, oportunamente intitulada de A comunhão dos opostos, a autora se volta para a análise do romance clariceano, buscando desvendar os símbolos e os temas que o compõem, visando encontrar, assim, os aspectos poéticos e ontológicos. Ponto alto e necessário da empreitada de Maria Clara, esta parte contorna e pontua, para o leitor, as duplicidades poéticas, escriturais e ontológicas que constituem a narrativa do livro, sem desconsiderar seu inacabamento de princípio. É nesta parte que uma luz se jorra iluminando a proposta da autora inscrita deste o título de seu trabalho (...). O caminho da aprendizagem sofrido por Clarice, em todo seu livro, metaforicamente simboliza também a empreitada de uma aprendizagem buscada por Maria Clara. Na esteira de suas próprias palavras, Maria Clara fez de sua busca uma aprendizagem da qual já sabia mas não sabia que sabia sua autoral travessia, seu trajeto crítico único, contornando, assim, a formação de um mundo poético ontológico que se inscreve em Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Os motivos para ler o livro de Maria Clara são muitos, mas o desejo encontrado pelo leitor será único, pessoal e intransferível, mesmo quando a leitura nada mais é do que uma aprendizagem buscada no desconhecido de si mesmo e do outro.