É com grande satisfação que apresentamos os resultados do III Fórum Arte das Américas, momento em que o Instituto chega aos seus cinco anos de atuação e fortalece o seu processo de intercâmbio cultural com as Américas. Foi um grande acerto a definição de debatermos as questões que norteiam a arte pública, tema atual e polêmico, que vem envolvendo artistas, pensadores e produtores culturais em todo o mundo. Neste novo número da Revista Arte das Américas, nossos convidados apresentam vários ângulos do tema proposto, através de conceitos que se articulam obrigatoriamente com a diversidade urbana. Questões específicas do fazer artístico em espaço público, a relação do trabalho interdisciplinar, a discussão do público e do privado, a interatividade do público com a obra, a arte em diálogo com as comunidades, a questão do financiamento e, ainda, as regras para a colocação das obras em ambiente urbano, são alguns dos pontos abordados pelos autores participantes do Fórum. A prática das intervenções em espaço público tem origem nos primórdios da humanidade, ainda na pré-história, quando eram pintados bizontes nas cavernas com a intenção de comunicar e capturar os animais. Em seguida, temos a arte aplicada nas construções dos templos, nos palácios e praças, com a função social de reunir a comunidade num determinado local, visando glorificar os deuses e governantes. Mas, a partir de meados do século XIX, com a modernidade, a arte pública passa a ser discutida enquanto experiência artística, propiciadora de transformações estéticas, sociais e políticas. Surgem inúmeras obras efêmeras, contestadoras, engajadas, interdisciplinares, polêmicas, e também em diálogo com as comunidades. Presenciamos no III Fórum Arte das Américas um dos mais críticos e atuais debates sobre a arte contemporânea em espaço público, focalizando a sua diversidade e contemporaneidade nas Américas. Consideramos que com esse terceiro evento internacional organizado pelo Instituto demos mais um importante passo para estabelecermos um efetivo intercâmbio entre as Américas em torno das questões da arte contemporânea. O intercâmbio se fortaleceu com a presença da pesquisadora e produtora Barbara Cole, do Canadá, com a participação da curadora Ana Elena Mallet, do México, além de reafirmarmos nosso intercâmbio com Cuba, através da participação de Ibis Hernández Abascal, curadora da Bienal de Havana. Do Brasil, convidamos pesquisadores, artistas e coordenadores de intervenções urbanas, como Nelson Brissac Peixoto, Vera Pallamin, Célia Maria Antonacci Ramos, Maria Amélia Bulhões Garcia, Iole de Freitas e Ana Maria Tavares. O evento apresentou ao público muitos registros em vídeo e data show de obras já realizadas nas Américas. Já nas ruas de Belo Horizonte, tivemos várias intervenções artísticas realizadas por um grupo de artistas que vem se dedicando às intervenções no espaço urbano, registradas no encarte desta revista. Trata-se de uma forma alternativa de atuação no espaço da cidade, que tem como premissa as amplas possibilidades de apropriação de locais limítrofes entre o público e o privado, e em que ambos se colocam. As ações se deram tanto em praças e ruas, quanto em lotes vagos ou nos imóveis em demolição, apontando para as tênues fronteiras que delimitam esses espaços, levando a um questionamento sobre o público e o privado nas cidades contemporâneas. Sem dúvida que os vários pontos tratados nesse encontro, considerando a diversidade cultural presente nesses continentes, fazem desse debate uma nova referência para a arte pública e possibilitam um efetivo intercâmbio de informações e conceitos entre o Norte, Centro e Sul das Américas. Foi dentro dessa perspectiva que o III Fórum Arte das Américas, promovido pelo Instituto Arte das Américas, se desenvolveu, buscando apontar, através da colaboração de professores, pesquisadores, estudiosos da arte pública e artistas, diferentes possibilidades de abordagem do espaço da cidade, nesse território fronteiriço entre aquilo que é público e privado. A continuidade da programação dos Fóruns em Belo Horizonte, por iniciativa do Instituto Arte das Américas, se traduz em um ato de coragem, planejamento e ousadia, que aos poucos vem transformando a capital mineira em mais um pólo de debates sobre a arte contemporânea. O retorno que temos recebido de especialistas em todo o Brasil e de países que compõem o Continente das Américas nos deixa certos do caminho que vimos trilhando. Porém, para darmos continuidade à efetivação desse projeto precisamos contar com a iniciativa privada e o poder público, seja do Brasil ou de instituições internacionais. Assim o Instituto Arte das Américas pode cumprir o seu papel social de Organização Não-Governamental e implantar definitivamente mais um núcleo de promoção e intercâmbio em favor das manifestações culturais nas Américas.