O fato de estar aqui me fez um perdedor. Enquanto estive em São Paulo para pesquisar sobre algumas vidas, efetivamente, estive perdendo outros relatos. São tantas pessoas espalhadas por São Paulo, com migrantes nordestinos em diversas regiões, que, como eu, deixaram suas vidas penduradas em algum lugar dessa abstração chamada Nordeste. Porém, as histórias que tentei esmiuçar não estão esquecidas: elas vivem na memória dos migrantes e se reinventam todos os dias. Ao mesmo tempo que ocupei boa parte do meu tempo, ganhei em experiências, mesclando a minha com essas outras existências. Dessa forma, minha pesquisa foi extremamente facilitada, porque os meus sujeitos de estudo eram fáceis de encontrar e, ao mesmo tempo, difíceis de acessar. Poucos gostam de falar de suas vindas e de suas vidas. Menos ainda de seus poucos retornos e, às vezes, dos muitos fracassos. Por isso, minha tarefa foi tentar uma forma amorosa de diálogo com eles e, de tudo que ouvi, o aspecto que mais se [...]