Usando uma metáfora, podemos dizer que o Livro dos Afetos emerge e nos toca como ondas, oscilações eletromagnéticas variáveis, às vezes o impacto das ideias e das palavras vem com muita intensidade, às vezes de forma branda. Uma energia que se propaga e nos afeta, fazendo ressoar no vácuo do tempo as experiências vividas pelo autor. E, apesar de datadas alguns escritos são da década de 1990, as reflexões são profundamente atuais. Neste pérfido mundo de hoje, minado pela ganância, pela busca de lucro incessante e pelo desamor, somos presenteados, com afeto, por ideias e palavras que nos tocam a alma e nos fazem refletir sobre as incompletudes e limitações humanas e, dialeticamente, sobre força e coragem, apontando para a necessidade de nos reinventarmos, com dignidade e generosidade. Diria, mesmo, que o amor é o sentimento que perpassa todo o livro: o amor pela poesia, pela escrita, pela liberdade, pelas pessoas, pela natureza, pela vida.