A obra de Siscar, na esteira de um amplo diálogo com a obra de Jacques Derrida, contrói-se num embate tanto com a lógica centrípeta das áreas do conhecimento quanto com as cartografias institucionais, movendo-se por caminhos novos e redesenhando, nesse movimento, seus próprios continentes. É importante ter sempre em conta que, para além de discutir as questões que lhe são caras, em Jacques Derrida: literatura, política e tradução, Siscar nos convida, em cada gesto de pensamento, a repensar os próprios lugares do pensar, bem como os limites de suas propriedades. Seria preciso lembrar que essa característica é também traço exemplar da obra de Derrida, bem como de sua recepção no Brasil. À parte os poucos casos de exceção no universo institucional da filosofia, é no campo dos estudos literários, mais especificamente no da teoria literária, a partir da década de 1970, e no campo dos estudos da tradução, a partir dos finas da década de 1980, que a obra de Derrida irá se disseminar mais amplamente no Brasil, encontrando algum abrigo (e resistência) nas franjas das instituições. Para além do horizonte de recpção da desconstrução e da obra de Jacques Derrida, o pensamento de Siscar constitui um importante marco no que diz respeito ao modo como literatura, política e tradução se dispõem em relação. Para o autor, pensar a tradução é também uma questão política no horizonte da literatura, nos mesmo termos em que pensar a literatura é também uma questão de tradução atravessada de dimensões políticas.