Em agosto de 1863, Kardec perguntou a um espírito sobre a obra que estava organizando em segredo. O sigilo valia também para o título, que o próprio editor só veio a conhecer no momento da impressão. O espírito respondeu que a obra teria enorme importância, não só no mundo religioso, como também para a vida prática das nações. Disse esse espírito que, já há muito tempo, os espíritos do bem planejavam o lançamento do livro, que teria como objetivo tirar as pessoas da obscuridade e libertá-las da ignorância moral. O espírito revelou também que eles dois (a entidade que se comunicava e o próprio Allan Kardec) trabalhavam na espiritualidade há bastante tempo para poder lançar a obra no plano físico. E Kardec foi avisado de que o lançamento do livro despertaria grande oposição por parte das religiões estabelecidas, mas que ele poderia contar com o apoio dos espíritos nessa tarefa tão difícil. Assim, em abril de 1864, surgia a primeira edição de O Evangelho segundo o Espiritismo. Cento e quarenta e cinco anos depois, com a publicação de O Evangelhinho segundo o Espiritismo, o público juvenil finalmente seria atendido com esta edição escrita especialmente para eles."Ao contrário do que se poderia pensar, o movimento cristão primitivo não constituiu um bloco monolítico de crenças e ritos administrados por uma única e incontestada instituição. Estima-se em uma centena de seitas dissidentes suscitadas no decorrer dos três primeiros séculos da era cristã. Nenhuma das heresias desse período representou maior risco para a estabilidade da igreja primitiva do que a dos gnósticos. Surgido no início do segundo século, o gnosticismo alcançou o mais alto ponto de sua trajetória durante as duas décadas finais desse mesmo século para extinguir-se na segunda metade do século seguinte. Propositalmente esquecidos, os textos gnósticos, dentre os quais este Evangelho de Tomé, só puderam ser conhecidos graças à descoberta casual, em 1945, de uma urna de barro contendo 52 livros de uma biblioteca gnóstica, nas imediações de Nag-Hammadi, no Alto Egito. Entre tantos textos relativos ao cristianismo primitivo, o Evangelho de Tomé destaca-se como um dos seus mais importantes documentos".