A geografia histórica do capitalismo nos dois últimos séculos apresenta-se como um processo social caracterizado por profundas contradições, rupturas e continuidades, nas formas em que a sociedade entabula as relações entre si e com a produção das condições materiais e objetivas de sua existência. De mero palco das ações humanas, a superfície terrestre torna-se, na sociedade capitalista, objeto de complexas mediações derivadas da reprodução social e dos modos específicos de organização do trabalho historicamente determinados pela lógica da acumulação de capital e valorização do valor. A universalização da propriedade privada da terra e as sucessivas separações que marcam e caracterizam as relações sociais capitalistas conferem ao espaço geográfico o estatuto de espaço-mercadoria, conteúdo de valor de uso e de valor.