Intimista e de alta voltagem poética, O mesmo mar surpreende pela elaboração literária e pela profusão e riqueza de suas formas.A turbulência política de Israel surge constantemente na literatura de Amós Oz, mas não em "O Mesmo Mar". Neste romance introspectivo e poético, as guerras existem, mas são guerras da intimidade - como a do próprio Oz, que no livro aparece no papel de um escritor e faz referência a uma tragédia pessoal: o suicídio de sua mãe, quando ele tinha doze anos. A certa altura da narrativa, uma mulher jovem vai lhe dizer que há algo de ridículo num homem que há 45 anos está de luto pela mãe. O autor, entretanto, é uma personagem a mais, e o vigor do romance evidentemente não se vincula a essa exposição autobiográfica direta. "O Mesmo Mar" surpreende antes de tudo pelo alto grau de elaboração literária, pela profusão e riqueza de suas formas.