Ainda que W. H. Auden tenha proclamado, poeticamente, o câncer como "o fogo criativo derrotado", a realidade teima em desmentir e reafirmar da forma mais cruel possível, pelas milhões de mortes todos os anos no mundo, que a praga continua seu cortejo sombrio, ceifando vidas e sufocando a esperança. Alavancado em ampla e profunda abordagem teórica, atravessando diversos ramos do conhecimento humano (como física, química, biologia evolucionista, filosofia etc.) e refinando, até à exaustão, conceitos e ideias, João Gaspar molda uma teoria, que humildemente chama de hipótese de trabalho, em cujo conteúdo extrai conclusões que podem abrir novos horizontes nas investigações cancerológicas. Câncer: A Antimatéria Biológica, efetivamente, alcança curiosas ilações nunca cogitadas: O câncer foi um mecanismo da evolução da vida no planeta, servindo de esboço e de modelo ao grande plano da vida organizada. Sua demonialização resulta de "deslocamento no tempo" e da curta existência das "máquinas de sobrevivência". O elo perdido do câncer representa não apenas a cura à doença, mas uma surpreendente verdade para a matéria viva. Há um rasgo nesta hipótese de trabalho proposta pelo autor que seduz e cativa a imaginação: uma concepção profundamente razoável (e dotada de uma requintada estrutura lógica), fruto do puro pensamento abstrato, jamais sugerida, em termos definitivos, por qualquer pensador ou estudioso de cancerologia. Isso porque a biologia e, em especial, a oncologia, guardam um profundo significado filosófico, não apreendido pela maioria dos cientistas e dos filósofos.