em Cartas não enviadas Marlene não se mostra medíocre, faz bom uso do livre-arbítrio: sofre, mas não deixa de ser ela mesma. Corajosa, como emissora, Marlene se desnuda à espera das cartas que também não lhe foram, ainda, enviadas. Rosane Cordeiro, no Prefácio *** O meu coração bate rouco e lento quando vou a médicos. Tenho medo daquele gelo. Ficar quase pelada e tire tudo, os anéis, o sutiã, só uma mantinha duvidosa e fina. Não é mais tictac, é trictac rouco cansado, pedindo socorro, implorando: deixa eu parar? E aquele banquinho minúsculo? Vou ter que subir e se congelar fazendo fita né, vó? Viu? Conseguiu subir. Pode descer dona mariquinhas. Lembrei-me de velha coroca de quem me insultou e nem podia chorar. E o meu calinho de espinho doendo e o coração no seu toctoc abafado, sentido, entre chorando e rindo baixinho, preciso ir pronto vó, [...]