“A própria concepção política de Marx mudou profundamente. Sem adotar nenhuma das estreitas doutrinas socialistas e comunistas existentes – na realidade, distanciando-se delas –, ele amadureceu a plena consciência de que quem tecia a rede de ligações da sociedade eram as relações econômicas e que ‘religião, família, Estado, direito, moral, ciência, arte etc. são apenas formas particulares da produção e caem sob a sua lei geral’. O Estado perdeu, assim, a posição prioritária que detinha na filosofia política hegeliana e, absorto na sociedade, foi concebido como esfera determinada e não determinante das relações entre os homens. Segundo Marx, ‘somente a superstição política ainda pode ser capaz de imaginar que nos dias de hoje a vida burguesa deve ser mantida em coesão pelo Estado, quando na realidade o que ocorre é o contrário, ou seja, é o Estado quem se acha mantido em coesão pela vida burguesa’”.