“4 horas: histórias de hospital” inicia como a calmaria que precede a tormenta: tudo parece se alinhar para um futuro confortável na vida de Glaison. Entretanto, sem aviso prévio da vida, rapidamente inicia-se o declínio de sua saúde física: progredindo em assustadora velocidade, uma pungente dor incapacitante. Um quebra-cabeça cuja natureza os médicos desconhecem a origem e, ao que tudo indica, não têm interesse em conhecer. O leitor é levado pelo mundo frio e indiferente das salas de emergência do sistema público de saúde da capital gaúcha. Glaison narra o aterrador desinteresse a que foi submetido como quem corta a carne com um bisturi: incisivo, direto, sem meias-palavras, e toca nas feridas mais íntimas da natureza humana: a perda de controle sobre o corpo, a mente, a intimidade.