Matusalém de Flores inaugura uma nova etapa da experiência ficcional de Carlos Nejar, renomado escritor e poeta do pampa brasileiro, dono de uma linguagem experimental única na literatura brasileira. Retrabalhando signos de narrativas bíblicas e épicas, Nejar mistura o romance com a linguagem poética e inventiva, característica de sua obra, para contar as histórias da cidade de Pedra das Flores e de seu próprio Matusalém, que se confundem e complementam uma à outra. Escrito ao longo de apenas cinco meses, o livro narra a história de um personagem que pouco tem em comum com seu homônimo bíblico, mas que enfrenta heroicamente situações adversas em Pedra das Flores, onde "o mar não acaba nem a terra principia". Enquanto o personagem bíblico viveu por quase mil anos, não sabemos com precisão a idade de Matusalém de Flores ou a época em que se encontra. Fiel ao seu primeiro nome, Noe, o personagem também enfrenta seu próprio dilúvio. Junto à Crisóstomo, versão canina de Sancho Pança, Matusalém encara pestes e infortúnios, cercando sua vida de ares quixotescos, que misturam religião, filosofia, amor e guerra. Em meio à penúria e à grandeza da condição humana, a vida do personagem é pautada por tragédias, mas ele transcende a dor para permanecer vivo pelo amor à palavra: "Porque existimos enquanto durarem nossas palavras".