O volume que o leitor tem em mãos não é apenas uma entrevista. Esta edição de Contra os chefes, contra as oligarquias pretende traçar, para o público brasileiro, um fio condutor entre a veia polêmica de Richard Rorty e sua filosofia pragmatista. O livro é aberto com um prefácio assinado por Paulo Ghiraldelli Jr. (Filosofia, Unesp) e Alberto Tosi Rodrigues (Ciências Sociais, UFES), que analisa o percurso e as conexões entre a filosofia da linguagem manipulada por Rorty e sua filosofia política. A idéia é familiarizar o leitor com a perspectiva intelectual do autor, preparando-o para o que vem a seguir: para Rorty não é a filosofia política que dá norte à ação política. Na seqüência, em entrevista concedida a Derek Nystrom e Kent Puckett, Richard Rorty discorre sobre uma série de eventos, personagens e situações da história política norte-americana. Em cada fala, emerge sempre uma idéia contra-intuitiva, uma interpretação com a qual não estamos habituados, uma releitura de eventos que já pareciam devidamente explicados e entendidos. Rorty não encara as idéias políticas e as posições partidárias pelo ângulo ideológico, mas pelo impacto que tiveram sobre a construção da nação. Reforçando, destacando ou discutindo idéias apresentadas em Para realizar a América (DP&A, 2000), ou polemizando sobre as repercussões que elas causaram, Rorty traça vínculos entre história e biografias, entre nação e facções políticas, entre passado e futuro. No mínimo, uma conversa inusual.