Onde começa e a que se conforma a experiência do que é propriamente humano? O que, aquém disso, toca o puro instinto, confina com a pura Coisa? O que, para além, aponta na direção dessa utopia de horizonte que é o Amor? É na estreita e ao mesmo tempo vasta rachadura entre esses dois continentes que os 15 contos de Coisa Amor se desenvolvem, convidando ou, mais exatamente, compelindo o leitor a, fundindo e dissolvendo a distância entre esses domínios, revisitar a própria idiossincrasia, espelhando-a na memória, na infância, no sexo e no desejo, na solidão, nas relações entre pais e filhos, na loucura, no inconsciente, na crueldade e na arte em tudo, enfim, que é universal à nossa condição. Os contos, que intercalam formas breves e longas, são elaborados com instigante variedade de estrutura e estilo. E as histórias podem ser duras. Em Passo a Passo, conto que abre o livro, investigamos a depressão de uma bailarina que, talvez de propósito, acaba se cortando com uma louça (...)