Nesta mescla magnética de ensaio e memória, o autor argentino faz da praia o lugar da disponibilidade, dos encontros, do ócio, espaço-chave na vida moderna; experiência íntima e estereótipo, utopia selvagem e palco daquilo que chamamos de civilização. Nós, os que vamos à praia, vamos sempre mais ou menos atrás da mesma coisa: das marcas do que o mundo era antes que a mão do homem decidisse reescrevê-lo. É dessa maneira que o narrador de A vida descalço avança, em uma deriva que o levará da memória à história social, do ensaio cultural a tudo aquilo que jaz sob a areia da praia, esse lugar franco, transparente, aberto ao céu como uma boca ou uma ferida. Desafiando os lugares-comuns tanto do pensamento como do prazer, Alan Pauls nos apresenta a praia como ambiente da imaginação. Entre hordas turísticas e a areia deserta, os enigmas da praia se veem auscultados ao contrário: a beira-mar como lente de aumento para investigar a vida civil, a superprodução de sonhos [...]