Café Sem Açúcar, assim como quase toda nudez, é um tanto desconcertante. É desconcertante pela beleza e pela humanidade e também por escancarar sentimentos crus a cada palavra. É um livro nu. Belo, jovem e pouco recatado. É nudez necessária. Libertadora. Daquelas que causam alívio. De quando já não se suporta o peso da roupa. É uma obra de poucos pudores. Prefere palavras não ditas a meias-palavras. Fala de sentimentos juvenis pouco lapidados e com muita elegância e poucos escrúpulos expõe algumas entranhas da realidade. Não sem antes nos avisar, amadurece com o passar das palavras. Toma corpo, cor e aroma. Cresce, muda e traz confusão. Os personagens intrigam por se assemelharem a velhos conhecidos e levam àquela velha reflexão causada por toda boa leitura sobre ler e ser lido na contramão. Café Sem Açúcar é tão real que chega a incomodar. Cutuca e aguça. [...]