O mundo não se governa mais. Em toda parte, explode a revolta surda contra o empobrecimento e a impotência da soberania popular em se fazer ouvir por aqueles que nos espoliam, que afogam nossos corpos na lama tóxica enquanto voltam para casa com suas gordas comissões e a certeza de continuar a preservar os lucros criminosos de seus acionistas. Essa revolta apenas começou. Todos os governos que levantam podem cair com a rapidez da frustração e do desgosto. Os únicos que se sustentam são aqueles que não fingem mais governar nada, mas que usam o poder simplesmente para fornecer a parcelas da população o gosto drogado da autorização da violência contra os vulneráveis. Desde 2011, quando o primeiro corpo de trabalhador foi autoimolado na Tunísia, explodindo a sequência de revoltas conhecida como primavera árabe contra essa mistura insuportável de miséria e de impotência, o mundo nunca mais voltou às suas ilusões de curso tranquilo. Ele não voltará mais. O mundo no qual crescemos, no [...]