Quem da pátria sau a si mesmo escapa? Com esta pergunta sobre as articulações entre os deslocamentos psíquicos e territoriais, a psicanalista Daniela Meirelles Escobari percorre o fenômeno migratório a partir de casos clínicos em que ganha relevância a migração territorial e sua influências, construções e reconstruções provocadas, escolhidas ou processadas no sujeito. Em seu primoroso trabalho de pesquisa psicanalítica dentro do campo da psicopatologia fundamental, inverte a lógica do sofrimento como consequência das vicissitudes da imigração para trabalhar com a hipótese de que, em alguns casos, a migração é uma tentativa de saída de certos impasses psíquicos, questão usualmente eclipsada nos estudos do fenômeno migratório. Avançando, identificou movimentos de suspensção parental, estando a reconstrução paterna ligada ao encontro com o estrangeiro, e a reconstrução materna, um segundo espelho, articulada à reconstrução narcística.