Fúria Azul é mais um sinal da plenitude artística de Carlos Nejar, já tão prolífica quanto conhecida e amada dos leitores brasileiros. Como ocorre com os livros complexos, este será talvez difícil de ser avaliado à primeira vista. Imagino que se trata de uma reflexão pela imagem. Tendo criado um código pessoal de alusão artística, Nejar modela a poesia de maneira a produzir o efeito da beleza que raciocina. O livro funda-se na justaposição articulada de tropos e figuras, responsáveis pela multiplicidade poliédrica de sentidos. Seleciono apenas três poemas para fundamentar a impressão de que Fúria Azul retoma e amplia a luminosa contribuição de Nejar para o acervo da poesia no Brasil: "Da Máquina do Mundo, Antielegia", "Antielegia do Abismo" e "Antielegia à Barba". A leitura desses textos não só evidencia a dimensão do poeta, mas também fornece a chave para a compreensão do volume. - Ivan Teixeira