Menos que um, o mais novo romance de Patrícia Melo, com seu texto provocador, denuncia a apatia e indiferença que marcam a atual tragédia brasileira e desenha um Brasil inerte que vê o futuro chegar, sem ser capaz de recebê-lo. Um Brasil assombrado pela sua história recorrente, transecular, de descaso, desigualdade e violência social. Neste romance que se agita como um líquido inflamável submetido a alta temperatura, Patrícia Melo constrói, numa narrativa caleidoscópica, as inúmeras batalhas cotidianas, de sobrevivência, de uma vasta gama de personagens – camelôs, flanelinhas, desempregados, bêbados, ladrões, cracudos e catadores, gente que tem como destino inevitável o fato de, por força das circunstâncias, ter que viver nas ruas. “A gente é gente!”, esbraveja Chilves, um jovem negro, semianalfabeto, que cresceu num lixão e caminha vinte quilômetros todos os dias, recolhendo papel, vidro e lata para sobreviver. Seu sonho, como Humilde Professor da Verdade, é promover a Revolução.