Sonhos, visões, batalhas: um mundo ao avesso, um mundo em seus extremos. Eis o que Ésquilo, há mais de 2500 anos atrás, nos legou como expressão de um teatro de todos os tempos. E por que ainda ler tais textos? Por que ainda se defrontar com sociedades tribais, sanguinárias, sexistas, xenófobas? Por que ainda se ver diante de um espetáculo de ruínas sociais e familiares? O poderoso Xerxes entra em cena em farrapos; o coro canta a morte dos filhos de Édipo; mulheres fogem de seus potenciais violadores e suplicam, migrantes em exílio; um pai mata sua filha, é morto por sua esposa, e o filho vingador mata a mãe assassina por que ainda trazer para cena esse passado de desgraças e mortes? Os mortos clamam pelos vivos, e a ronda do destino nos aproxima.