História e literatura. Como se relacionam esses dois campos no pensamento de alguns importantes autores do cenário historiográfico dos Annales aos pós-modernos? Como esses dois campos se relacionam especificamente na fortuna crítica de Grande Sertão: Veredas, que, não raro, leu a história pelo romance? Como, ainda, história e literatura podem se relacionar por meio da linguagem de João Guimarães Rosa? Refém da inevitável falibilidade da linguagem, a narrativa de Grande Sertãoo: Veredas incorpora, em si própria, essa incapacidade, comum a toda narrativa e, dela, retira sua força. O autor dá às palavras novas, à linguagem renovada, a condição retomada de fazê-las capazes de narrar, depois de conscientes da impossibilidade de narrar. Seu texto acaba por responder à crítica narrativista que aponta para a impossibilidade de se cumprir a função que tanto a história quanto a literatura querem desempenhar: dizer o mundo; traduzi-lo em palavras; humanizar o tempo por meio da narrativa.