Quando a guerra é um negócio trata de um período crucial da história das relações interamericanas, o da chamada política da boa vizinhança, implementada pelos governos de Franklin Delano Roosevelt nos Estados Unidos (1933-1945), o esforço norte-americano no sentido de melhorar sua imagem junto aos países latino-americanos no contexto da Segunda Guerra Mundial. O tema não é totalmente desconhecido, mas o enfoque proposto pela historiadora Érica G. Daniel Monteiro é inteiramente original. Este livro deslinda com base em uma pesquisa documental impressionante a cooperação que houve entre grupos privados e agências governamentais dos Estados Unidos da América no sentido de implementar tal política, que, assim, não se expressou apenas como propaganda oficial, mas também por meio de meio do cinema, do rádio, da publicidade comercial e assim por diante. Érica Monteiro analisa, com muita precisão, o importante papel desempenhado pelo Office of the Coordinator of Inter-American Affairs, que teve papel fundamental nesse processo. Revistas, como Seleções do Reader’s Digest, e a indústria cinematográfica foram fundamentais nesse esforço de fazer propaganda que não parecesse propaganda. O estúdio Disney, por exemplo, durante a Segunda Guerra, produziu muitíssimo para o governo Roosevelt. As emissoras de rádio também foram mobilizadas e as empresas que tinham interesses comerciais na América Latina passaram a patrocinar programas veiculados aqui.