Operar sobre os limites da justiça torna-se uma tarefa de recomposição dos processos pelos quais nós mesmos somos levados a ignorar essas intermitências da linguagem e marchar para dentro de ilusões coerentes, tentando ser, num momento posterior, uma forma de desatar esses passos e encontrar através deles uma imersão na própria experiência de justiça, ou antes, do justo e do injusto. As quatro partes que compõem a presente pesquisa dizem respeito a esse trajeto em sentido preciso. Para a primeira delas, designou-se uma imersão na racionalidade linguística, sobretudo a partir do pensamento da Modernidade Tardia. A primeira parte pode ser resumida no duelo filosófico de homens que pretendem segurar a pena e domar a palavra, mas que se veem constantemente engolidos por ela, incapazes de desatar os nós que prendem a eles o mundo. Daí se desdobra a segunda parte, como verter a justiça em sua própria condição discursiva, apartada, e talvez inexistente em si mesma, para além das palavras. Novamente, trata-se de uma tentativa de fugir de certas relações, do sentir-se injustiçado e do manifestar com isso algo como injusto, e ao mesmo tempo do buscar a justiça como uma interrogação, um suposto ponto de equilíbrio que nunca se forma. As duas partes que se seguem são, em seus momentos, tentativas de resgatar a visão da experiência do ser e do ser do justo, como vias possíveis para a constituição do conhecimento. Na terceira parte, o eixo é o da própria condição da designação para além de si e da constituição do sentido dentro desse contexto. A quarta parte, por sua vez, pretende resgatar as experiências contidas nos limites do justo enquanto fenômeno, reconstruindo-o para além do âmbito formular linguístico.