Quase todos os contos tematizam situações em aula, como situações típicas de escola. São contos de um ensaísta que exercita a criatividade adquirida no trabalho com os textos, ao longo dos anos, e cujas marcas de formação aparecem claramente na fatura textual. Assim, os contos se abrem com epígrafes, nas quais são citados pensadores, filósofos, poetas, educadores, ficcionistas. As citações sugerem as linhas de força dos sentidos e da expressão, orientando a leitura para certos campos do saber e nichos de reflexão.[...] A literatura destes contos não se quer sofisticada, difícil ou rebuscada. Assume ser simples, com certas feições didáticas, refletindo a experiência do professor ensaísta. Assim, o autor insere as lições nas entrelinhas, como exemplos de situações nas quais o leitor pode refletir e aprender sobre a ironia e a precariedade da vida cotidiana. E conclui que temos de abrir mão das certezas para encontrar novas respostas. De certa forma, observamos que estas narrativas nascem da experiência de um autor que jamais esquece estar em exercício de ensino e aprendizagem. Nos duplos sentidos do ato de ensinar e aprender. O autor acredita nas palavras do poeta Oswald de Andrade, que afirma: Só há ainda uma coisa que salva este país: é a literatura. De fato, a literatura é um campo criativo, lógico e afetivo de todos os saberes e de todas as experiências humanas. Os poetas e os professores estão certos; e os leitores que aproveitem o efeito dessa verdade em suas vidas.