Em “Viagem ao México”, Silviano Santiago conta a viagem do francês Antonin Artaud ao México, em 1936. No entanto, se o leitor aguarda pela repetição do estilo de Em liberdade – obra ficcional, na qual Silviano narra os dias de liberdade de Graciliano Ramos após a prisão, durante o Estado Novo –, deve preparar-se para uma surpresa. Em “Viagem ao México”, o autor dá novos rumos à sua literatura, promovendo uma desconcertante quebra de gênero, de forma proposital e inusitada. O autor desenvolve uma narrativa livre de cronologia, atravessando diferentes décadas. Ao mesmo tempo que narra detalhadamente o quotidiano de Artaud em Paris, nos anos trinta, ele se situa em 1992, na cidade do Rio de Janeiro. Com o desenrolar do romance, os tempos se atravessam, e Silviano vai incluindo-se progressivamente na história e nos diálogos, tornando-se íntimo de Artaud.