Mariana Queiroz tem o dom de colecionar palavras, conduzi-las ao limite da sensibilidade e da expressão de uma revelação, que não contém propriamente segredos, mas é difícil de trazer à luz, pois requer a intenção da queda livre, da exposição, de marcar território. Desta vontade férrea, que vai lapidando caminhos e um estilo, brota o ato desafiador do escrever, do poetizar. Isso, Mariana tem de sobra. Assim, desbrava a poesia, tornando a palavra em corpo, e o corpo em um instrumento poético. Como uma colecionadora, sabe escolher a palavra mais certeira (aqui, uma beleza de alicerce crítico), como se decodificasse, aclarasse o existir, em um particular modo de investigar o que, para muitos, é insondável: a materialidade da vida, a consciência e o poder da resistência. Um eu mulher que resiste e convoca suas aliadas à luta. Seus versos capturam instantes do cotidiano, porém, trazem o que há de sublime nele, assim como a necessidade de rupturas e as indignações diárias, que não (...)