As ações e expressões políticas entre os indígenas kaingang vêm sendo abordadas de diferentes maneiras desde os registros históricos do período colonial até as descrições etnográficas mais recentes - sempre, contudo, através de enfoques centrados no plano público e masculino de atuação. Observando as tramas de relações produzidas no âmbito doméstico na região de Penhkár, Paola Gibram ensaia aqui uma abordagem da política kaingang que articula novos elementos, como as camadas de agenciamentos femininos para a concentração de relações e para as diferenciações políticas locais. Atenta igualmente para a questão da afinidade kaingang, a autora retoma temas como guerra, chefia, autoridade e faccionalismo entre esses indígenas, trazendo, por fim, reflexões sobre os processos de mimetização dos sistemas jurídico e punitivo dos 'brancos'.