Num jorro de coloquialidade, com palavras exatas, em cada conto a autora nos põe diante de situações vívidas e pulsantes. Personagens têm rostos e se movimentam, explodem de emoções, ânsias e sonhos. Sem artifícios maçantes, ela nos comove, porém sem um traço de pieguismo. Ao contrário, descreve fatalidades e logo suspende a sensação de desventura, pois suas personagens não se curvam a dramas, crescem como algumas árvores resistentes cujos frutos brotam lindamente em terrenos pedregosos. Alguns cenários são descritos com tamanha espontaneidade, comicidade e vigor, a ponto de nos trazer lembranças pessoais e familiares cheias de sabores e cheiros incontornavelmente queridos. A escrita tem um ritmo impactante e desce como água gostosa sobre nossas cabeças. Impossível largar o livro de Sandra de Lima. Ela me fez lembrar uma palestra de Rachel de Queiroz a que assisti na Universidade Federal de Pernambuco. A reconhecida e florescente escritora foi provocada a expressar o que sentiu (...)