Se tivesse de condensar em poucas palavras a essência deste livro, diria que se trata dum ensaio sobre o paradoxo do improviso. Porque demonstra que a competência retórica se aprende e se cultiva. Porque demonstra que o improviso, enquanto arte do repentino, do impreparado. da pulsão intuitiva, ocupa um lugar modestíssimo no discurso judicial, que está sujeito ao escrutínio permanente da eficácia no convencimento de declaratários muito exigente (juízes, jurados, advogados, comunicação social, etc) e, por isso, incorpora uma dimensão intrínseca de funcionalidade construída e racionalizada com esforço e trabalho. Muito trabalho. Também neste domínio, a centelha de inspiração que ilumina o génio tem de pagar tributo à transpiração mais abundante. São muito raros, se existem, os oradores que os céus aspergiram como dom natural da eloquência e nenhum deles resiste, sem trabalho e preparação, à prova de fogo da prática sistemática da retórica forense.