Silviano Santiago é um de nossos mais importantes e ativos intelectuais. Ao longo dos anos foi construindo uma trajetória coerente e que inclui seu nome entre os mais respeitados ficcionistas de língua portuguesa contemporânea. Em "De cócoras", ele cria o mundo opressivo de um personagem sem perspectivas, cuja memória não é senão um peso de uma existência sem grandes paixões uma vida mínima, uma vida no limite do ocaso. Viúvo recente, o personagem mora sozinho em um casarão de Laranjeiras. Pouca coisa lhe resta. Depois da morte da mulher, com quem viveu uma relação marcada pela insipidez, ele passa os dias à espera do fim iminente. O irmão inconveniente, que com ele quer dividir a solidão de viúvo, um cachorro em que enxerga afinidades, esse homem nada deseja além de se livrar de seus fantasmas. No livro, o autor cria um universo de dor e alienação ao abordar o desamparo que se encontra no íntimo de cada um.