Torna-se temerário arriscar amplas generalizações sobre as implicações das Organizações na vida cotidiana dos indivíduos, conquanto, não é difícil acreditar que, atualmente, o discurso dominante condiciona muitos a tomá-las como o "centro" das suas vidas. A tese, em sua forma mais simples, que se propõe nessa obra é que à medida que as organizações apregoam um discurso partilhado pelos seus membros em uma realidade utilitarista, frenética, flexível e nômade condicionam uma mobilização psíquica desses indivíduos em torno de um ideal de vida e a sua carreira. Partindo dessa premissa, pode-se inquerir: o empreendimento da carreira deu lugar a uma verdadeira subjugação do indivíduo? O indivíduo está condicionado a reverberar o mundo fluído em que se vive na Contemporaneidade? O indivíduo resiliente em um ambiente tão dinâmico tornou-se raro? O projeto de carreira só alcança resultado se transformar a vida do indivíduo em business? Sobrevive nesse ambiente totalitário somente o indivíduo que fizer parte do "clube dos raros"? Infere-se que sim, pelo menos em boa parte dos envolvidos, visto que doravante há uma corrosão festiva aos valores, em um voo de fantasia que promove comunhão total com o projeto da organização. As imagens controlam muitos dos indivíduos, tudo é mercadoria e dinheiro, inclusive a carreira e a própria vida. E você?