Certeau (1994, p. 199) nos conta que, em Atenas, os transportes coletivos se chamam methaforai, que quer dizer, metáforas. Ele explica que os relatos/narrativas são nossos transportes coletivos, ou seja, são nossas metáforas, que vão conduzir nossas travessias e deslocamentos. Precisamos, portanto, dos relatos para nos situar diante do mundo. Assim, todo relato compõe uma prática de espaço, pois os relatos de experiência atravessam e organizam lugares. O autor também explica que [...] um lugar é a ordem (seja qual for) segundo a qual se distribuem elementos nas relações de coexistência (CERTEAU, 1994, p. 201). Já o espaço vem a ser um lugar praticado. Nesse espaço-livro e nesse tempo de estudante, os capítulos trazem textos que nos permitem compreender as visões de mestrandas e mestrandos acerca da didática no ensino superior, vivenciada por elas e eles na graduação e agora problematizada na pós-graduação stricto sensu. Ao lerem o que aqui relatamos, talvez outras pessoas interessadas no tema encontrem pistas para uma outra didática possível, que não aquela na qual professores e professoras de graduação desconsideram a voz e os saberes de educandos. Abrir espaço para narrar a prática educativa vivenciada pode significar o início de uma reflexão profunda acerca da pessoa/profissional/docente que nos tornaremos quando obtivermos o título de mestre.