Apesar da pesquisa ter sido realizada em 2012, importante salientar a inovação que trouxe para discussão sobre o encarceramento de mulheres por tráfico de drogas ao refletir sobre o aumento do encarceramento de mulheres a partir de uma epistemologia feminista e da Divisão sexual do Trabalho. O mercado de trabalho lícito se apresenta para a maioria das mulheres como um lugar que reflete as discriminações sexistas, com baixos salários, trabalhos precarizados e de baixo prestígio, assim se verifica no contexto do mercado ilícito das drogas que vem recrutando cada vez mais mão de obra feminina, principalmente para funções de menos prestígio, como mulas e aviões. O tráfico de drogas é um mercado informal/ilícito de trabalho que, possibilita às mulheres manterem-se cumprindo as tarefas socialmente construídas para elas, bem como alcançarem um lugar para autonomia financeira e empoderamento social. No entanto, como uma realidade complexa, pode-se perceber, ainda, que esse lugar reproduz a mesma desigualdade de gênero e cria novas situações de vulnerabilidade e de discriminação, principalmente, no ambiente prisional.