Este livro parte do pressuposto de que só a partir da definição da economia brasileira contemporânea é que se pode estabelecer o período que ela abrange. O autor entende como tal o período de formação e desenvolvimento da economia urbano-industrial moderna, deflagrada a partir das transformações ocorridas na década de 1930, quando se desenvolveu no Brasil o processo de industrialização por substituição de importações. Mais especificamente, de 1930 a 2006, que começa com o primeiro governo de Getulio Vargas e termina com o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao longo destas sete décadas e meia, a economia brasileira teve avanços e recuos, experimentou várias transformações, sofreu o impacto de distintas conjunturas internacionais e de diferentes planos econômicos. No entanto, é possível distinguir duas etapas com características próprias e bem diferentes entre si. A primeira etapa, que vai de 1930 a 1980, caracterizou-se por um intenso processo de crescimento econômico. Foi a economia que mais cresceu no mundo no período. Além disso, transformou-se de uma economia primário-exportadora numa economia urbano-industrial moderna. Afirmou-se, então, uma concepção de mundo conhecida como nacional-desenvolvimentismo. O desenvolvimento, salvo uma ou outra exceção, era a prioridade nacional. A segunda etapa teve seu início no final de 1980 e prossegue até nossos dias. Caracteriza-se principalmente por um longo processo de estagnação econômica. Esse estancamento decorre das contradições engendradas na primeira etapa, sobretudo em sua fase final, mas agravou-se em face das políticas econômicas adotadas. Estas, à exceção de poucos momentos, passaram a fundar-se no primado do combate à inflação sobre o desenvolvimento, tendo como referência básica a visão monetarista.