Há uma frase de que gosto bastante que talvez sirva aqui de exemplo para o que este livro propõe. Ela é de Gonçalo M. Tavares e lê-se como segue: Errar, circular, hesitar em redor do que não tem solução: um método. Vejamos: Uma mulher canta Lady Gaga como se estivesse se livrando dos espartilhos. Uma mulher salta no rio e nada com seus ancestrais. Uma mulher deita a cabeça no travesseiro e acorda muito tempo depois, amanhã. Poemas, ficções curtas, dramaturgia, registro de sonhos? Apresentando-se como uma interessante proposta intergênero, os textos deste livro não parecem querer ser rotulados. Se, do ponto de vista dessa escrita intergênero, podemos filiá-lo a escritoras como Anne Carson e Matilde Campilho (para citar apenas duas), a investigação de existências de mulheres se situa, na literatura brasileira, com pelo menos três precedentes importantes de serem mencionados: O útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas, uma mulher, de Flávia Péret, e Mulher (...)