O livro que temos diante de nós, publicação da tese de doutoramento em filosofia de Patrick Almeida, propõe-nos uma leitura das Lições sobre filosofia da arte de Hegel pela via da sua última figura, o humor (como que) objetivo. Que alguém se decida a tomar partida no humor objetivo na tensão conceitual implicada na composição dessa figura para abordar problematicamente a Estética de Hegel não deixa de ser, já de saída, certa indicação de posição. Trata-se, afinal, de um ponto de chegada e de um caminho que se decidiu a não recuar da via tortuosa do negativo. Se ambivalência, contradição e paradoxo são alguns dos significantes que se apresentam ao autor para expor conceitualmente os desenvolvimentos internos desse seu objeto e das questões às quais ele convoca, a escolha do objeto, ela mesma, indica já uma posição. Partir da figura do humor objetivo e dos problemas por ela suscitados não significa, afinal, senão partir da negatividade e da dissolução, próprias a essa aparição desaparecente, para aqui usar a feliz expressão do autor e, nessa via, de perseverar com uma questão em aberto ali onde todo fechamento possível não se pode dar senão, a cada vez e de modo evanescente, na decomposição do artístico ali onde este se concentrou infinitamente na singularidade.