Perséfone, mais do que viver uma disputa amorosa, é marcada por um processo de busca constante, que a faz vivenciar distintas experiências, até alcançar o aprendizado necessário, no caminho de sua individuação: de garota despreocupada que colhia flores e brincava com suas amigas à adolescente de grande beleza e feminilidade que exerce forte atração sobre os homens, entre eles, Adonis, Hermes e o deus Hades. A força de seu mito já se apresenta com singularidade, no próprio subtítulo atribuído: amor e abismo. A aparente contradição corroborada pela polissemia que envolve os dois vocábulos revela sentimentos de paixão e poder. Por um lado, na disputa amorosa que envolve Afrodite, Adônis e Perséfone, por outro, na relação de poder entre Demeter, Zeus, Hades e seu amor incontido pela bela jovem.