Buscou-se com este estudo formular conhecimento a respeito da inclusão escolar analisando-a na perspectiva de crianças com história de deficiência mental. Sob a égide da abordagem qualitativa, a investigação teve seu foco direcionado a duas escolas Municipais de ensino regular - na cidade de Itapema/SC, por um período de seis meses de observação sistemática de dois alunos com história de deficiência mental, frequentando as séries iniciais do Ensino Fundamental e atendimento educacional especializado no contra turno. O objetivo do estudo foi investigar as estratégias, mediações, interações e reorganizações por eles utilizadas para aprender e participar do processo de inclusão. Realizaram-se entrevistas e conversas com os sujeitos da pesquisa, seus pais e professores, registros de atividades em filmagens, fotografias e registro das informações em diário de campo. O material coletado foi descrito em ficha própria adaptada à avaliação do nível de envolvimento dos alunos na atividade desenvolvida em sala de aula. Esta avaliação tomou como referência a Escala de Envolvimento da Criança na Escola, traduzida e adaptada da escala original The Leuven Involviment Scale for Young Children (LIS - YC) (LEAVERS, 1994a). Para estabelecer o diálogo com a empiria recorri às contribuições da abordagem histórico-cultural, especialmente de Lev Seminovich Vygotsky, cujos estudos tem sido relevantes para a leitura crítica dos processos de aprendizagem dos sujeitos com história de Deficiência. Os resultados evidenciaram um expressivo grau de envolvimento dos alunos, na maioria das atividades e intensos momentos de esforço mental e concentração. Esse envolvimento, todavia, nem sempre resultou em efetiva aprendizagem, pois as respostas e ações que desempenharam muitas vezes eram pensadas, decididas e executadas pelos monitores. Observou-se alunos atentos, predispostos a aprender, porém as mediações e os momentos de interação comprometeram de certo modo, as possibilidades de autonomia desses sujeitos no processo de aprendizagem.