O livro apresenta os resultados de pesquisa que promoveu um raro encontro entre três campos historiográficos. Combinou sólida abordagem em História Regional – o caso de Minas Gerais no século XIX – com a ênfase em certos aspectos da História dos Transportes – a infraestrutura viária sob a intervenção do Governo Provincial – e com a percuciente incursão na História da Técnica – nomeadamente a teoria e a prática de agentes técnicos modernos. O estudo representa contribuição à compreensão do período de transição de estrutura viária pré-moderna para sistema de transporte moderno. Na contramão da percepção do senso comum e da visão de boa parcela da historiografia dos transportes, a era ferroviária brasileira caracterizou-se pela persistência ampliada das vias e meios tradicionais, ante a constituição de malha de trilhos que vertebrou pequena parte do território, ao promover a integração de zonas agroexportadoras com mercados externos. Muares, cavalos e carros de tração animal continuaram a suportar a maior parte da circulação e a estabelecer a integração possível do mercado interno com base em transportes não modernos. A crescente racionalização das agências públicas provinciais, a progressiva importação e adaptação de técnicas avançadas (Engenharia) e a projeção e consolidação de profissionais de corte moderno (engenheiros) assegurariam a funcionalidade da muito provável maior infraestrutura viária tradicional do Brasil imperial. Por tudo, não será difícil encontrar os méritos que facultaram ao autor o Prêmio de Melhor Dissertação de Mestrado em História das Ciências em 2014, conferido pela SBHC (Sociedade Brasileira de História da Ciência). Marcelo Magalhães Godoy